Faturamento em queda e aluguel fixo? Essa equação tira o sono de qualquer autônomo, empreendedor ou profissional liberal. Mas calma: negociar aluguel em tempos difíceis é mais comum do que parece — e, com estratégia e comunicação correta, você pode conseguir um alívio real no seu caixa.
Neste artigo, você vai aprender como renegociar seu aluguel comercial ou residencial quando sua renda despenca, sem prejudicar seu relacionamento com o locador (e sem sair no prejuízo).
Posso renegociar meu aluguel? É legal?
Sim, pode. A Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91) permite a revisão contratual em situações imprevisíveis ou que causem desequilíbrio financeiro entre as partes. Uma queda significativa no faturamento, especialmente em tempos de crise, é um bom motivo para renegociar.
E mais: decisões judiciais e negociações durante a pandemia reforçaram o entendimento de que locatários podem — e devem — renegociar o aluguel em situações excepcionais.
Como iniciar a conversa com o proprietário?
Comece com transparência e respeito. Envie uma mensagem clara, educada e direta, apresentando sua situação. Mostre que você quer continuar no imóvel, mas que precisa de uma adequação temporária.
Aqui vai um modelo que você pode adaptar:
“Olá, [nome do locador]. Gostaria de conversar sobre o aluguel. Meu faturamento caiu nos últimos meses por conta de [motivo breve: perda de clientes, sazonalidade, crise]. Estou buscando alternativas para manter meus compromissos em dia e gostaria de propor uma renegociação temporária do valor do aluguel. Podemos conversar sobre isso?”
Evite sumir, atrasar pagamentos sem aviso ou agir com informalidade. A negociação começa na sua postura.
O que posso pedir na renegociação?
Você pode negociar de várias formas. Aqui vão algumas opções que costumam funcionar:
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Desconto temporário no valor do aluguel (por 3 a 6 meses, por exemplo)
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Carência parcial ou total por um período curto (ideal para situações emergenciais)
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Parcelamento de aluguéis atrasados
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Renovação contratual com reajuste menor
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Troca de reajuste por outro índice menos inflacionado (IGP-M → IPCA)
💡 Dica de ouro: leve uma proposta concreta. Exemplo: “Posso pagar 70% do valor atual por 3 meses e, depois, voltamos ao valor integral.”
Como provar minha queda de faturamento?
Se o imóvel for comercial e seu locador for pessoa jurídica, talvez ele queira ver documentos. Os principais são:
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Extratos bancários dos últimos 3 a 6 meses
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Declarações de faturamento (MEI, DAS, pró-labore, etc.)
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Relatórios de entrada e saída no caixa
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Print de plataforma (Hotmart, iFood, Mercado Pago, etc.)
Se for imóvel residencial e o locador for pessoa física, a negociação tende a ser mais informal — mas ter esses dados à mão dá credibilidade.
E se o locador não aceitar renegociar?
Infelizmente, ele não é obrigado por lei a aceitar — mas você também não é obrigado a continuar pagando um valor incompatível com sua renda. As opções são:
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Buscar um novo imóvel mais barato (ideal para longo prazo)
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Substituir parte do contrato por outro ativo (ex: oferecer prestação de serviço em troca de desconto)
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Propor mediação extrajudicial, se houver espaço para diálogo
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Entrar com ação judicial de revisão de aluguel — só como último recurso, com auxílio de advogado
Mas a melhor saída ainda é o bom senso. Negociação direta, respeitosa e com dados na mesa tende a funcionar na maioria dos casos.
E se o imóvel for alugado com fiador ou seguro-fiança?
Você ainda pode negociar, mas o fiador ou a seguradora também devem ser comunicados. Qualquer alteração contratual precisa ser assinada por todos os envolvidos. Caso contrário, o contrato antigo prevalece.
Checklist para renegociar seu aluguel com sucesso
✅ Faça um diagnóstico do seu faturamento
✅ Defina quanto você pode pagar, e por quanto tempo
✅ Prepare sua proposta com clareza e alternativas
✅ Escolha um bom canal de comunicação (WhatsApp, e-mail, ligação)
✅ Documente o acordo por escrito (vale até contrato simples assinado digitalmente)
✅ Mantenha a boa-fé: cumpra o que for combinado
Conclusão: Renegociar é sinal de inteligência financeira — não de fraqueza
Negociar não é vergonha, é estratégia. Se sua renda caiu, ajustar os custos fixos é essencial para manter a saúde do seu negócio e da sua vida pessoal. O aluguel é um dos maiores gastos de qualquer autônomo — e também um dos mais negociáveis.
Com informação, educação e coragem para conversar, você pode virar esse jogo e evitar que uma fase ruim vire uma bola de neve.
