Você não tá errando por mal. Mas tá pagando o preço.
Ser autônomo é acordar todo dia no modo “sobrevivência”: correr atrás de cliente, entregar serviço, apagar incêndio e, se der tempo, respirar. No meio dessa loucura, cuidar das finanças vira o que sobra — e não o que guia.
Só que tem um problema aí: os erros financeiros que você comete sem perceber são os mesmos que te impedem de prosperar. E não, não é falta de esforço. É falta de clareza, orientação e método.
Neste artigo, você vai identificar se está cometendo um (ou mais) desses deslizes e, o mais importante, vai sair daqui sabendo como corrigir — sem precisar virar contador nem guru do Excel.
1. Misturar o dinheiro do trabalho com o da vida pessoal
Esse é o erro campeão. E quase todo autônomo já caiu nele.
Você recebe o pagamento de um cliente, paga o aluguel com esse dinheiro, compra o presente da sobrinha, abastece o carro… E quando precisa investir no seu negócio ou cobrir uma despesa da atividade profissional, cadê o dinheiro?
Por que isso é um problema?
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Você perde totalmente a noção de quanto custa seu trabalho.
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Fica impossível saber se está lucrando ou só “girando dinheiro”.
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Não tem base para calcular preço nem montar reserva.
Como evitar:
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Tenha uma conta separada só para as receitas e despesas do seu trabalho.
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Defina um “pró-labore” (seu salário), mesmo que seja simbólico no começo.
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Use apps simples como Cora, Conta Simples ou até Nubank com tags para separar gastos.
2. Confiar na memória em vez de registrar entradas e saídas
“Ah, eu sei quanto eu ganhei esse mês.” Sabe mesmo?
Quando você soma tudo no fim do mês, geralmente percebe que esqueceu aquele Pix de R$ 200, aquela compra no débito, aquele material no cartão.
A memória é péssima gestora de finanças.
Por que isso te atrapalha?
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Você vive no escuro.
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Gasta sem perceber.
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Não consegue prever meses difíceis ou se planejar com antecedência.
Como resolver:
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Use uma planilha de fluxo de caixa semanal (tem uma gratuita aqui).
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Ou comece com um caderno: anota todo real que entra e sai.
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Faça disso um ritual semanal, de preferência nas segundas-feiras.
3. Trabalhar sem precificação estratégica
Muita gente cobra com base na intuição. Olha pro mercado, joga um preço no ar, e torce. Outros têm medo de perder cliente e acabam cobrando menos do que vale.
Só que preço mal calculado vira prejuízo disfarçado.
Problemas clássicos dessa prática:
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Você fatura bem, mas nunca sobra.
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Atrai clientes que só buscam preço baixo.
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Vive cansado, mas quebrado.
Como fazer direito:
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Some todos os seus custos fixos e variáveis.
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Defina quanto quer de lucro e quantos trabalhos consegue fazer por mês.
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Divida e descubra quanto precisa cobrar por projeto ou hora para viver com dignidade.
Quer ajuda com isso? Leia depois:
👉 Como calcular seu preço de forma justa e lucrativa
4. Ignorar a sazonalidade (e viver como se todo mês fosse igual)
Alguns meses são fortes (dezembro, janeiro, meses de campanha ou lançamentos). Outros são fracos (Carnaval, pós-férias, eleições, etc.).
Só que muitos autônomos vivem como se o mês gordo fosse a regra. Aí gastam demais quando recebem mais, e passam sufoco depois.
Consequências:
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Sem reserva, qualquer queda vira desespero.
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Você trabalha por impulso e vive no vermelho.
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Sua saúde mental vai pro espaço (junto com seu cartão de crédito).
Como evitar:
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Tenha um fundo de segurança equivalente a 2-3 meses de custo fixo.
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Faça uma análise do histórico dos últimos 12 meses. Quais meses foram ruins?
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Planeje: se dezembro foi bom, guarda parte pra segurar janeiro e fevereiro.
5. Não investir no próprio futuro (nem se proteger)
Autônomos raramente têm reserva de emergência, previdência ou seguro. Acham que é coisa de gente rica ou distante da realidade. Mas é justamente por ter uma renda instável que você precisa se proteger mais ainda.
Erros comuns:
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Trabalhar sem plano B (se adoecer, para tudo).
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Não ter uma reserva que permita recusar cliente ruim.
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Chegar aos 50 sem aposentadoria nem plano de ação.
Como corrigir:
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Comece guardando 10% de cada pagamento (mesmo que seja R$ 50).
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Use produtos simples: Tesouro Selic, previdência com dedução no IR, seguro básico.
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Faça disso um hábito automático, tipo escovar os dentes.
Você merece ganhar bem — mas precisa saber como cuidar disso
Não é porque você trabalha por conta que precisa viver no sufoco.
Esses cinco erros são comuns, sim. Mas também são fáceis de resolver com clareza, rotina e um pouco de disciplina.
Comece pequeno:
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Separe suas contas.
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Use uma planilha simples.
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Revise seu preço.
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Guarde um pouquinho.
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E pare de esperar o caos bater na porta pra reagir.
Seu talento merece prosperar. Sua conta bancária também.
Nos vemos no próximo post.
Equipe Finanças Pro Autônomo 💼