restituição imposto de renda 2025

A roleta-russa da restituição do IR 2025

Mais um 30 de setembro, mais um capítulo da novela favorita do brasileiro de classe média: “Será que meu nome saiu na restituição?”. Hoje, 387.277 sortudos foram agraciados pela Receita Federal com a graça divina de receber parte do dinheiro que… era deles o tempo todo.

É bonito, né? Você trabalha o ano inteiro, paga imposto até no cafezinho, entrega a declaração certinha, aí meses depois o governo te devolve uma fração do que tomou e ainda faz parecer que está te fazendo um favor. “Toma aqui, cidadão, seu presente de R$ 1.035 bilhão repartido entre quase 400 mil pessoas. Não gasta tudo no mesmo lugar, hein?”

E claro, a Receita faz questão de dizer quem entrou no grupo VIP do Pix de hoje: idosos, professores, pessoas com doenças graves e aqueles gênios que usaram a declaração pré-preenchida. Já os meros mortais, os não prioritários, que se virem esperando no banco da malha fina, rezando para o sistema não achar que o dentista de 200 reais foi uma tentativa de sonegação internacional.

O mais irônico é que, no Brasil, a restituição virou uma espécie de Natal fora de época. Tem gente que já planeja pagar dívidas, comprar celular novo ou pelo menos encher o carrinho do supermercado sem precisar parcelar a margarina. Outros, coitados, vão apenas usar o dinheiro para tapar o buraco que o próprio governo abriu no bolso deles.

E assim seguimos, comemorando quando nos devolvem o que era nosso, como cachorro feliz porque o dono jogou o mesmo osso que tirou da boca dele cinco minutos antes.

A cada lote, a mesma sensação: alívio misturado com revolta. Porque, no fundo, todo mundo sabe — restituição não é prêmio, é apenas um lembrete cruel de quanto o Brasil te faz de trouxa e ainda te obriga a agradecer.