Em 2025, a Braskem (BRKM5) se tornou sinônimo de alerta máximo na bolsa brasileira. Com uma queda de mais de 44% no acumulado do ano e um enredo cada vez mais complexo envolvendo dívidas, rebaixamento de ratings e ruídos sobre recuperação judicial, investidores estão perguntando: a ação virou cilada ou oportunidade?
Neste artigo, explicamos os fatores que levaram ao colapso da ação, o que dizem os analistas e quais são os possíveis cenários daqui pra frente.
Entenda o que está acontecendo com a Braskem
Na última sexta-feira (26), a companhia anunciou a contratação de assessores financeiros e jurídicos para revisar sua estrutura de capital. O mercado leu o movimento como um possível prelúdio para uma reestruturação mais ampla da dívida – e talvez até uma recuperação judicial.
Para agravar o quadro, a agência S&P Global Ratings rebaixou o rating da empresa de “B+” para “CCC-”, com perspectiva negativa, sinalizando um risco real de calote nos próximos meses.
No pregão de segunda-feira (29), a ação fechou em R$ 6,66, com queda de 5,13%. Desde janeiro, a desvalorização ultrapassa os 44%.
A dívida é o maior problema (e pode piorar)
Segundo o JPMorgan, a dívida líquida da Braskem deve alcançar US$ 8,6 bilhões até o fim do quarto trimestre de 2025, com uma alavancagem de 10,5x o EBITDA – patamar considerado insustentável.
Para que a companhia atinja um nível mais saudável de endividamento (cerca de 3x EBITDA), seria necessário reduzir a dívida líquida para aproximadamente US$ 3,1 bilhões — ou seja, menos da metade do que está hoje.
💡 83% da dívida está em bonds internacionais (sem garantias), o que torna as renegociações com credores ainda mais desafiadoras.
A recuperação judicial está no radar?
Apesar dos sinais, a recuperação judicial ainda é vista como último recurso por analistas como os do JPMorgan. A presença da Petrobras como acionista relevante poderia facilitar uma reestruturação mais organizada e evitar um colapso completo.
Mas os cortes de rating pelas agências Fitch (CCC+) e S&P (CCC-) colocam pressão adicional sobre a empresa, elevando o risco de inadimplência.
Existe um plano de salvação?
O mercado enxerga algumas possibilidades de respiro para a Braskem:
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Projeto Presiq (PL 892/2025): cria um programa de crédito tributário para a indústria química, o que poderia gerar até US$ 500 milhões por ano em EBITDA até 2026. Mas é pouco frente à dívida bilionária da companhia.
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Venda de ativos: poderia ajudar a reduzir a dívida, mas a janela para vendas com bons múltiplos está fechando rapidamente.
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Oferta de ações (follow-on): dilui os acionistas atuais, mas traria caixa novo para reduzir passivos.
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Renegociação com fornecedores e credores: é inevitável para evitar o colapso.
O que dizem os analistas?
📉 Bradesco BBI: “Não existe bala de prata”. A reestruturação precisa vir acompanhada de corte de custos, venda de ativos e medidas fiscais.
📉 UBS BB: Rebaixou a recomendação de BRKM5 de compra para neutro e reduziu o preço-alvo de R$ 15 para R$ 10.
📉 XP: Acredita que o Presiq ajuda, mas não resolve o problema estrutural da companhia.
E o gráfico? Tem fundo?
A análise técnica mostra que a ação está na mínima do ano, com o Índice de Força Relativa (IFR) em 33,58 — indicando sobrevenda. Ou seja, pode haver repique de curto prazo, mas a tendência principal é de baixa.
Resistências (possíveis topos):
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R$ 9,86
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R$ 12,59
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R$ 14,98
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R$ 20,98
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R$ 27,53
Suportes (possíveis fundos):
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R$ 7,02
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R$ 6,15
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R$ 5,30
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R$ 4,05
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R$ 3,68
E os títulos no exterior?
Os bonds da Braskem seguem em forte desvalorização. Alguns papéis, como os de 2081, estão cotados entre US$ 5 e US$ 15, o que reflete a desconfiança generalizada do mercado.
Conclusão: risco ou oportunidade?
A Braskem está no olho do furacão. A ação BRKM5 virou um dos papéis mais voláteis da bolsa brasileira em 2025. Para o investidor comum, o risco é altíssimo neste momento — especialmente sem um plano claro da empresa.
Por outro lado, quem investe com perfil mais agressivo pode observar os próximos movimentos em busca de pontos de entrada com assimetria. Tudo depende da agilidade da Braskem em cortar gastos, negociar dívidas e aprovar incentivos como o Presiq.
📌 Resumo rápido:
| Questão | Situação Atual |
|---|---|
| Preço da Ação | R$ 6,66 (queda de 44% no ano) |
| Dívida Líquida | US$ 7,3 bilhões e crescendo |
| Rating (S&P) | CCC- (com perspectiva negativa) |
| Solução viável? | Reestruturação + Presiq + venda de ativos |
| Recuperação judicial? | Ainda é último recurso, mas está no radar |
| Recomendação dos bancos | Neutro (Bradesco BBI, UBS BB), com queda no preço-alvo |
| Perfil de investimento | Muito arriscado para conservadores e iniciantes |
