Você é o próprio dono do seu negócio. Tem uma conta física, uma conta PJ e, muitas vezes, a grana entra e sai sem cerimônia entre as duas. Mas será que transferir dinheiro da conta pessoal para a conta da empresa (ou vice-versa) é uma prática segura?
A resposta curta é: sim, desde que feito com inteligência, controle e registro. Neste artigo, você vai entender como transferir dinheiro do pessoal para o profissional sem erro, evitar confusões com a Receita e manter sua vida financeira organizada.
📌 Resumo rápido: como fazer isso do jeito certo?
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Use transferência bancária com identificação clara (Pix, TED, etc.)
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Registre a movimentação como aporte de capital ou empréstimo ao negócio
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Faça comprovantes simples e salve tudo
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Evite “misturar” despesas pessoais na conta da empresa
Por que separar as contas é fundamental?
Você pode até pensar: “o dinheiro é tudo meu mesmo!”. Mas não é bem assim. Mesmo que você seja MEI, autônomo ou microempresário, o dinheiro do negócio não é seu dinheiro pessoal — pelo menos não até ser distribuído como pró-labore ou lucro.
Misturar as finanças complica sua organização, aumenta o risco de cair na malha fina e atrapalha seu crescimento.
Em quais situações você pode precisar transferir do pessoal para o profissional?
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Vai pagar um fornecedor ou funcionário, mas a conta PJ está zerada
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Precisa investir em equipamentos, cursos, marketing ou estrutura
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Está começando o negócio e vai colocar dinheiro do próprio bolso
O que fazer? Simples: você empresta ou aporta capital no seu próprio negócio. Vamos entender a diferença.
1. Aporte de Capital: formalize o investimento no negócio
O aporte de capital é quando você, como sócio, coloca dinheiro na empresa — e esse valor passa a fazer parte do capital social.
Quando usar:
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No início do negócio
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Para aumentar o capital da empresa
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Quando quiser deixar claro que o dinheiro pertence ao negócio a partir daquele momento
Como fazer certo:
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Transferência identificada (Pix, TED) da conta pessoal para a conta PJ
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Registro em planilha ou sistema como “Aporte de Capital”
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Se sua empresa for LTDA ou EIRELI, pode fazer um aditivo contratual no capital social (fale com seu contador)
2. Empréstimo de sócio: o dinheiro continua sendo seu
Outra opção é emprestar dinheiro para sua empresa, com ou sem juros. É útil se você pretende pegar esse dinheiro de volta futuramente, e quer manter o controle sobre isso.
Quando usar:
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Para cobrir um período de baixa no caixa
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Para pagar despesas emergenciais
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Para financiar campanhas e ações temporárias
Como fazer certo:
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Faça a transferência da conta pessoal para a conta da empresa
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Registre como “Empréstimo de Sócio”
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Gere um comprovante simples (recibo ou contrato de mútuo) com valor, data e prazo (se houver)
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A devolução futura do dinheiro também deve ser registrada!
O que NÃO fazer (e muita gente faz)
🚫 Pagar aluguel da sua casa com a conta da empresa
🚫 Pagar fornecedores com o cartão pessoal e “esquecer” de registrar
🚫 Receber pagamentos do cliente na conta física
🚫 Sacar dinheiro da empresa e gastar sem saber com o quê
Essas atitudes prejudicam o controle financeiro, geram confusão contábil e podem te complicar com o Fisco.
Como registrar essas transferências sem complicação
Use uma planilha simples, um app de finanças ou seu sistema de gestão. O importante é que cada entrada/saída tenha:
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Data
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Origem e destino (pessoal → profissional ou vice-versa)
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Valor
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Motivo (empréstimo, aporte, reembolso, retirada de lucro, etc.)
E o contrário: posso transferir da conta da empresa para minha conta pessoal?
Sim, mas com regras! Veja as formas legais e seguras de retirar dinheiro da empresa:
| Forma | Explicação | Tributação |
|---|---|---|
| Pró-labore | Remuneração mensal do sócio (tipo salário) | INSS + IRRF se passar da faixa de isenção |
| Distribuição de lucros | Parte do lucro líquido da empresa, após impostos | Isento de IR, se for lucro apurado corretamente |
| Reembolso | Quando o sócio paga algo do negócio com o próprio dinheiro | Sem tributação |
| Restituição de empréstimo | Devolução do dinheiro que o sócio emprestou à empresa | Sem tributação |
Pergunta frequente: MEI pode fazer isso?
Sim! O MEI pode transferir dinheiro pessoal para a conta da empresa e vice-versa, desde que mantenha o controle.
💡 Dica: mantenha uma planilha simples com tudo registrado. Isso te ajuda a se organizar, a comprovar movimentações e até a conseguir crédito mais fácil no banco.
Conclusão: mais organização, menos dor de cabeça
Transferir dinheiro do pessoal para o profissional é totalmente possível e até necessário em vários momentos. O problema não é a transferência em si — é fazer sem controle.
Evite a famosa “confusão de contas”. Com organização e registros simples, você mantém sua saúde financeira em dia e sua empresa pronta para crescer com clareza.
